quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O PERIGO DO FUNDAMENTALISMO

Um parque temático criacionista, com arca de Noé e tudo, não deixa de ser bastante interessante para que as crianças e os adolescentes tomem conhecimento dos conceitos religiosos sobre a vida humana e as origens de nosso universo.

Mas há que se ter muita atenção para o SINAL AMARELO e que pode se tornar SINAL VERMELHO, a qualquer momento, relacionado ao perigo iminente de, mais uma vez, o mundo estar diante de um fanatismo criminoso, gerado pelas exageradas formas de pensar dos fundamentalistas cristãos!

Interrompo aqui para deixar bem claro (e todos os meus amigos e alunos sabem disso) que tenho minhas convicções religiosas e, portanto, não sou contra a religiosidade individual, mas sim, contra qualquer forma de fanatismo, principalmente o fanatismo proveniente do fundamentalismo ortodoxo de alguma religiões.

Vamos ficar atentos ao que está ocorrendo e fazer um paralelo com o que pode vir a ocorrer se ficarmos aceitando o crescimento do fundamentalismo cristão:

Quando as pessoas leem as notícias sobre as barbaridades cometidas “em nome de Alá” pelos radicais islâmicos autodenominados Estado Islâmico do Iraque e Síria (ISIS), podem ser levados a acreditar que a cultura islâmica sempre esteve nesse patamar de radicalismo fundamentalista, negando toda a evolução científica e abominando a construção do conhecimento.

Não é nada disso!

Quando Maomé, o profeta, fez surgir a religião muçulmana na Península Arábica no século VII, além de não ir contra a ciência já desenvolvida pelos Egípcios dos Ptolomeus e os Persas dos Sassânidas, ainda estimulou o seu desenvolvimento.

O próprio Alcorão, utilizado incorretamente hoje para justificar o assassinato daqueles que tentam evoluir culturalmente, é claro na valorização que faz da ciência, principalmente da ciência médica, considerando-a como arte próxima de Deus.

A evolução do conhecimento pelo mundo islâmico foi tal que, não só absorveu o pensamento grego, traduzindo para o árabe os escritos de Platão e Aristóteles, como partiram para o questionamento das especulações filosóficas gregas, enveredando para a observação dos fatos e a experimentação científica.

Assim surgiu a álgebra, assim surgiu o zero na numeração e a consequente evolução da matemática, assim evoluiu o estudo da trigonometria e com isso houve grande avanço nas aplicações práticas desses estudos, como ocorreu na geografia, na cartografia e na astronomia.

Esse avanço cultural foi obra de diversos cientistas, como: Al-Biruni (973-1050), que já havia concluído, de forma empírica, que o universo todo está sujeito às mesmas leis naturais, seiscentos anos antes de Galileu Galilei dizer isso; Al Hayzam (965-1040), que foi precursor nos estudos de ótica, observando, experimentando e concluindo a forma da propagação dos raios de luz, muitos séculos antes dos físicos reconhecidos pela ciência atual; Al-Khwarizmi (780-850), que foi um dos cientistas mais famosos nos estudos da álgebra; Omar Khayyam (1048-1131), poeta e matemático encontrando soluções geométricas para todas as formas de equações cúbicas; e muito mais.

Mas houve o declínio rápido de tudo isso, no final do século XI, e esse é o ponto importante de nossa questão.

Houve as invasões mongóis que, de certa forma, provocaram um certo desânimo entre os sábios da época.

Mas o elemento mais importante para que fosse iniciado um verdadeiro retrocesso na produção intelectual islâmica foi, sem dúvida alguma, a ascensão, ao poder, das dinastias islâmicas conservadoras, fundamentalistas e radicais.

Elas começaram a conseguir mudar a própria forma de pensar de grande parte do povo e, uma das “chaves” para provocar o rápido declínio do pensamento científico, foi a interpretação que esses ortodoxos deram ao Alcorão, considerando a ciência como inimiga da crença em Alá!

Hoje acompanhamos as notícias de crianças sendo assassinadas nas escolas pelo simples fato de estarem ali para aprender! Aprender é pecado contra Deus!

E o que tem o cristianismo e os Estados Unidos com tudo isso?

A ciência está evoluindo bastante nos países ocidentais cuja predominância religiosa é o cristianismo.

A ciência nesses países não evolui devido ao cristianismo, nem do budismo, nem do espiritismo, nem do bramanismo, mas sim de forma independente, sem sofrer limitações de nenhuma delas.

Há cientistas de todas as religiões, assim como há os materialistas, os ateus, os agnósticos, os panteístas e mais uma série infindável de crenças e descrenças, mas todos produzindo conhecimento, sem qualquer interferência religiosa.

O respeito entre ciência e religião se dá quando:

1. A sociedade compreende que crença é produto do sentimento e da emoção interior de cada pessoa;

2. O desenvolvimento científico é uma necessidade da humanidade para fazer frente aos desafios enfrentados a todo momento;

Um parque temático desses é maravilhoso, para mostrar às crianças, a forma religiosa de entender a evolução da humanidade.

O perigo é não permitir o ensino das origens do ser humano nem do universo segundo as demais linhas do pensamento científico, como assim fizeram os fundamentalistas do Islã.

Se esse radicalismo fundamentalista cristão sair vencedor, o que lemos hoje sobre as barbaridades cometidas pelo Estado Islâmico, leremos amanhã com outros personagens, dessa vez, os Estados Unidos Fundamentalistas Cristãos...

http://noticias.gospelprime.com.br/parque-tematico-do-cria…/

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