segunda-feira, 13 de julho de 2015

IUPE Educação: Ideias e opiniões

Vamos conversar, hoje, sobre ideias e opiniões.

Vamos tentar refletir um pouco, não sobre um assunto polêmico qualquer, mas sim sobre a necessidade de respeitar, analisar e procurar compreender as opiniões e ideias que não coincidem com as nossas e, principalmente, aquelas que divergem totalmente da nossa forma de pensar!

O momento é propício, porque as pessoas estão se irritando, de forma quase agressiva, ao discutirem assuntos que estão na mídia, quando encontram alguém que não concorde plenamente com a sua forma de pensar!

Isso ocorre todos os dias em relação a futebol, política e religião, que são os três “carros chefes” das intolerâncias e conflitos e, mais especificamente em ideias sobre desarmamento, maioridade penal, eliminação de manicômios, trabalho infantil e outros assuntos também em pauta.

Para refletir sobre isso, temos que começar por uma virtude muito importante, chamada de humildade!

Humildade é uma palavra fácil de pronunciar, mas difícil de praticar!

E essa prática começa pelo entendimento de que:

- Nós não somos melhores do que ninguém.
- Nosso raciocínio pode não ser o mais correto do mundo.
- Nossos argumentos podem estar equivocados.
- E também que, mesmo se o interlocutor estiver errado, suas ideias sempre têm algum sentido e podem trazer algum ensinamento para nós. Desde que saibamos ouvi-lo atentamente, analisemos a sua fala e compreendamos os seus motivos.

É importante ter em mente que, por vezes, o interlocutor está vendo o fato por um ângulo que não havíamos percebido antes.

Como começa esse processo?

Tudo, então, começa pela educação.

Vejo, na maioria das escolas, crianças e adolescentes sendo preparados para responder perguntas e resolver questões, exatamente de acordo com o livro texto, ou conforme a orientação do professor.

Vejo que o estímulo ao questionamento e a criação de ideias próprias é quase inexistente no período escolar.

Esses alunos se formam com ideias “enlatadas” e prontos para seguir outras ideias, mais enlatadas ainda, que lhes serão apresentadas pela sociedade, pela mídia, ou pelo seu grupo social.

A partir do momento em que aprendem (ou decoram) uma opinião dessas, perdem toda a capacidade de questioná-la, assumindo seu aprendizado escolar ou até acadêmico, não como estimulador para a busca do conhecimento, mas como verdades absolutas estanques e definitivas.

Ao se formarem, já se consideram os perfeitos donos do conhecimento!

Mas a realidade é que o mundo muda e a ciência avança.
Isso significa que muitos dos argumentos que eram válidos ontem, já não servem para mais nada hoje.

O aprendizado não pode ficar engessado no ontem!

Vamos, então, ver a parte prática disso que estamos conversando, para evitar que nossos filhos e alunos engrossem a fileira dos incapazes intelectuais: Aqueles que se fecham em suas opiniões preconcebidas e enlatadas; aqueles que se acham os donos da verdade; aqueles que, agindo assim, deixam de contribuir, de forma prática e produtiva, para o bem social!

Ponto um: NÃO REPONDA PERGUNTA DE FILHO OU DE ALUNO

Como é isso? Primeiro devolva a pergunta ou o questionamento. Mande que ele encontre a sua resposta, com seus argumentos, mesmo que ele não se ache capaz disso.

Quando ele responder, reconheça o valor da resposta dada. Analise, com ele, como ele chegou a essa conclusão. E vá mostrando outras formas de ele encontrar argumentos para suas próximas produções intelectuais. Essa já foi uma!

Ponto dois: ENSINE-O A QUESTIONAR

Estimule seus filhos e alunos a questionar as opiniões e ideias, incluindo a de seus pais e professores. Mesmo que ele ache que elas estão certas!

Ensine-os a analisar os argumentos, para tentar encontrar alguma incorreção neles ou na sua interpretação.

Se seus filhos e alunos começarem a concordar muito com tudo o que você diz, crie momentos de exercício de raciocínio por absurdo, que nada mais é do que contestar, de forma absurda, uma opinião que nos parece verdade absoluta.

Estimule-os a criar outras formas de entender o mesmo fato, outras formas de realizar as mesmas tarefas, ou seja, estimule-os a ter criatividade.

Ponto três:

Estimule-os a se interessar em ler livros, artigos e textos que tragam ideias completamente opostas as deles, para que aprendam a entender as razões que levaram aqueles autores a pensar e escrever coisas com ideias completamente opostas aquelas que eles entendem como verdadeira.

Estimule-os a conversar abertamente com colegas de ideias opostas, para que aprendam a entender o contrário e aqu8lo que lhes pareça contraditório, para que compreendam as diferentes formas de raciocínio e as diferentes visões que as pessoas têm de um mesmo fato.

Alerte-los para evitar dar a sua opinião em ambientes de intolerância e incompreensão, já que onde as mentes se encontram, o contrário (ou o diferente) pode provocar conflitos indesejáveis.

Esses três pontos são suficientes para a preparação de mentes abertas ao novo, tolerantes para com o contrário e para com o que nos parece contraditório e, assim, preparar mentes em franco crescimento intelectual, contribuindo para a construção da verdadeira sabedoria.


Essas mentes são as que queremos para nossos filhos e para nossos alunos.

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